CORTE SECO (Rodrigo Gontijo, 2018)
Imagens do leito do Rio Roncador (Chapada Diamantina – BA), TV LED 40”, 50 kg de terra.
Trajetórias interrompidas. Desejos suspensos. Fluxos intermitentes. Plano detalhe do leito do rio Roncador (Chapada Diamantina – BA) que remete a diversos padrões gráficos. As águas escuras carregadas de ferro que se contrastam com as espumas claras de matéria orgânica são interrompidas por 50 kg de terra. A posição do monitor de led, com a ponta enterrada na vertical, também nos remete a uma lápide onde as águas caminham para dentro da terra.
Rodrigo Gontijo resolveu fazer este trabalho para elaborar o término de uma relação afetiva, marcada por esta viagem a Chapada Diamantina. Uma ruptura repentina, um corte seco, uma mudança de vida inesperada. O percurso até as piscinas do rio Roncador também foi marcado por algumas interrupções. Depois de atravessar de carro o leito seco de um rio, o artista e sua companheira na época, foram abordados por pessoas locais que pediram para continuarem o trajeto a pé, já que naquele dia estavam trazendo um cano de água da cabeceira do rio e enterrando-o no meio da estrada de terra. Um carro por ali poderia acabar com o trabalho que iria amenizar a seca daquele vilarejo. Sendo assim, eles deixaram o veículo e caminharam por quase 7km até as piscinas do rio Roncador.
O trabalho também problematiza a seca que assola esta região da Bahia, berçário de diversos rios, por conta de um capitalismo desenfreado marcado pela pecuária e o agronegócio.